terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Trechinho de Lua Nova

   - Não vou a lugar nenhum. Não sem você – acrescentou num tom mais sério. – Só a deixei antes porque queria que tivesse a oportunidade de ter uma vida humana feliz e normal. Podia ver o que estava fazendo com você... Mantendo-a constantemente à beira do  perigo, tirando-a do mundo a que pertencia, arriscando a sua vida em cada momento em que estava comigo. Então eu precisava tentar. Tinha que fazer alguma coisa, e parecia que o único caminho era deixá-la. Se eu não achasse que você ficaria melhor, jamais teria tido coragem de partir. Sou egoísta demais. Só você podia ser mais importante do que o que eu queria... do que eu precisava. O que quero e preciso é ficar com você, e sei que nunca serei forte o bastante para partir de novo. Tenho desculpas demais para ficar... Felizmente! Parece que você não consegue ficar segura, por maior que seja a distancia que eu coloque entre nós.
   - Não me prometa nada – sussurrei. Se eu me permitisse ter esperanças e nada acontecesse... Isso me mataria. Todos aqueles vampiros impiedosos não conseguiram acabar comigo, mas a esperança conseguiria.
   A raiva brilhou como metal em seus olhos escuros.
   - Acha que estou mentindo para você agora?
   - Não... Não está mentindo. – Sacudi a cabeça, tentando pensar em tudo com coerência. Examinar a hipótese de que ele me amava, permanecendo ao mesmo tempo objetiva e realista, assim não cairia na armadilha da esperança. – Você pode estar sendo sincero... agora. Mas e amanhã, quando pensar em todos os motivos da sua partida? Ou no mês que vem quando Jasper me der uma dentada?
   Ele vacilou.
   Pensei naqueles últimos dias de minha vida antes de ele me deixar, tentando vê-los com a perspectiva do que ele me dizia agora. Desse ângulo, imaginando que ele me abandonou me amando, me deixou por mim, seu humor e os silêncios frios assumiam um significado diferente.
   - Você pensou bem na primeira decisão que tomou, não foi? – deduzi. – Vai terminar fazendo o que acha que é certo.
   - Não sou tão forte como você pensa – disse ele. – O certo e o errado deixaram de significar grande coisa para mim; ia voltar de qualquer modo. Antes de Rosalie me dar a notícia eu já deixaram de tentar viver uma semana de cada vez, ou mesmo um dia. Lutava para suportar uma única hora. Era só uma questão de tempo... e não muito... para eu aparecer em sua janela e implorar que me recebesse de volta. Eu imploraria com prazer agora, se assim você quisesse.
   Fiz uma careta.
   - Não brinque, por favor.
   - Ah, não estou brincando – insistiu ele agora radiante. – Poderia, por favor, procurar ouvir o que estou lhe dizendo? Vai me deixar tentar explicar o que você significa para mim.
   Ele esperou, examinando meu rosto enquanto falava, para ter certeza de que eu realmente ouvia.
   - Antes de você, Bella, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas havia estrelas... Pontos de luz e razão...E depois você atravessou meu céu como um meteoro. De repente tudo estava em chamas; havia brilho, havia beleza. Quando você se foi, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou negro. Nada mudou, mas meus olhos ficaram cegos pela luz. Não pude mais ver as estrelas. E não havia mais razão para nada.
   Eu queria acreditar nele. Mas era minha vida sem ele que Edward descrevia, não o contrário.

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